A “Saga Crepúsculo” é um fenômeno de popularidade mundial, mas nunca foi uma unanimidade entre a crítica especializada. A escalação de Bill Condon como diretor de “Amanhecer” não disfarça uma tentativa de reverter este quadro. Condon tem um Oscar na estante pelo roteiro de “Deuses e Monstros” (1998), que ele também dirigiu, e recebeu muitos elogios por seus outros trabalhos, como “Kinsey – Vamos Falar de Sexo” (2004) e “Dreamgirls – Em Busca de um Sonho” (2006).
Apesar das credenciais, o cineasta sabe que seu objetivo em “Amanhecer” não é agradar a crítica, mas o gigantesco exército de fãs que irá conferir a “Parte 1″ da adaptação do quarto e último livro de Stephenie Meyer, nesta sexta (18/11). “Esses livros são tão amados por tantas pessoas que você quer ter certeza de que não vai trair as suas expectativas, mas ao mesmo tempo tem que oferecer uma experiência cinematográfica completa”, refletiu Condon, na maratona de divulgação da produção realizada nesta semana em Los Angeles.
Mesmo com a presença da autora dos livros durante as gravações, para tirar qualquer dúvida sobre os personagens, comportamentos ou situações, o diretor diz que não foi nada fácil comandar a produção – ou melhor, as produções já que, assim como foi feito recentemente em “Harry Potter e as Relíquias da Morte”, o derradeiro livro da Saga Crepúsculo também foi dividido em dois filmes. “Foi uma loucura. Fazer dois filmes ao mesmo tempo não é nada divertido”, assumiu o diretor. “Kristen (Stewart), por exemplo, era a jovem e colegial Bella no período da manhã, em seguida fazia um vampiro à tarde, e depois uma mãe grávida à noite. Muitos dias foram assim”, explicou, adiantando algumas informações sobre a história.
Para esta primeira parte, o roteiro (escrito por Melissa Rosenberg) está centrado em três situações principais: o casamento de Bella e Edward (Robert Pattinson), a lua de mel e o nascimento do bebê, fatos que, para o diretor, mostram a evolução dos personagens. “Eles estão ficando mais velhos, acho importante a série crescer com eles. As preocupações de agora não são mais as mesmas que Bella tinha quando se mudou do Arizona” e procurava se encaixar na nova escola.
A gravidez de Bella também forçou Condon a adotar técnicas ainda inexploradas em sua filmografia, já que a maquiagem não foi suficiente para alcançar o resultado visual das consequências da personagem carregar no ventre um bebê híbrido de humano e vampiro. “Quase todas as cenas têm efeitos especiais, eu nunca tinha feito isso antes. Para mim, foi como voltar à escola e eu adorei, especialmente quando eram efeitos sutis, pequenas coisas que acontecem com a Kristen e como ela vai ficando mais e mais doente”.
Sem titubear, o diretor provoca: “‘Amanhecer’ tem mais cenas com efeitos especiais do que ‘Avatar’”.
Mas o cineasta que ganhou fama ao contar a história real de Alfred Kinsey (cientista que realizou um grande estudo sobre o comportamento sexual humano) e de James Whale (diretor do clássico “Frankenstein” e “A Noiva de Frankenstein”, assumidamente homossexual) garante que não se interessou em dirigir os capítulos finais da “Saga Crepúsculo” apenas pelos seus efeitos visuais e sim pela relação humana do roteiro. “O que acho notável sobre a história não são necessariamente as preocupações adolescentes, que realmente estão lá, mas o fato de colocar explicitamente a mulher no centro do palco. Isso me interessa muito mais do que um filme de super-heróis ou de ação, com coisas explodindo”.
E Condon não encontrou problemas para se relacionar com o elenco, que já está há anos interpretando os personagens criados por Stephenie Meyer e o ajudou a ingressar no universo do filme.
Antes das filmagens começarem, o diretor se reuniu com Kristen, Pattinson e Taylor Lautner para se familiarizar com os atores e trocar ideias sobre o filme. A intérprete de Bella colaborou com o desenho do vestido de noiva que usaria na cena do casamento e Pattinson deu a ideia de um flashback sobre o passado de Edward. “À certa altura, quando um ator começa a encarnar um papel por muito tempo, eles conhecem seus personagens melhor do que você jamais conseguirá. E, certamente, isso era verdade aqui”, elogiou o diretor sobre seu cast.
Até o namoro entre Kristen e Pattinson foi benéfico para o filme, garantiu Condon, já que o clima de romance fora das telas refletiu na química do casal em lua de mel no Rio de Janeiro. “É uma loucura como eles estavam próximos. Eles estavam muito relaxados e isso acrescentou ao filme, obviamente, afinal era o momento da história em que estão juntos e eles nem tiveram que atuar”.
No livro, Bella e Edward vão comemorar o casamento numa ilha fictícia na costa do Rio de Janeiro chamada Isle Esme. As filmagens aconteceram no bairro da Lapa e na cidade de Paraty e estão entre as boas lembranças do cineasta, já que a equipe era reduzida e nem parecia a filmagem de um blockbuster. “Foi ótimo porque começamos este grande filme de forma muito pequena. Eram apenas Rob e Kristen, quase um sonho.”
“A Saga Crepúsculo: Amanhecer – Parte 1” estreia na sexta (18/11) e a “Parte 2″ será lançada exatamente daqui a um ano.